Um Italiano na Avenida da Suiça
La Tagliatella em 10 segundos: Descubra o restaurante italiano mais simpático de Lisboa onde as doses são gigantescas, surpreenda-se com o gelado de mostarda do Steak Tartar, experimente a fantástica pizza 7 formaggi mas não se assuste com a aparência de uma das sobremesas, o sabor é óptimo!
Sabem aqueles restaurantes onde entram e automaticamente pensam que querem tomar exactamente a mesma coisa que todos os colaboradores tomaram porque é humanamente impossível haver tanta gente feliz especialmente durante o horário de trabalho?
Pois bem, quando eu visitei o La Tagliatella, um restaurante italiano situado na Avenida de Berna, que nasceu da experiência de mais de duas décadas de especialização na cozinha tradicional das regiões do Piemonte, Ligúria e Emilia-Romagna, tive a certeza que andava a circular algo que eu não vendo na farmácia, porque caso vendesse já tinha ficado com o stock todo para mim.
Minha gente, os colaboradores do La Tagliatella não são simpáticos, eles irradiam felicidade.
Desde o momento em que entramos no restaurante somos recebidos com o maior sorriso deste mundo o que nos dá logo uma sensação extrema de conforto.
É verdade que 4 dos valores principais do restaurante - a lealdade, a generosidade e a hospitalidade - colocam o cliente como a estrela central do sistema solar, mas há muito tempo que não visitava um local que me deixasse completamente derretido com o atendimento.
Tenho de fazer uma ressalva especial para o Sr. Ricardo, que pelo canto do olho segui nos atendimentos a outros clientes, e se tiverem a sorte de ser atendidos por ele vão poder constatar por vocês próprios que este homem é indiscutivelmente um amor de pessoa, extremamente preocupado com a experiência de cada cliente, querendo assegurar que todos ficam com um sorriso estampado na cara no final da refeição.
Quem me lê habitualmente sabe que para mim tanto é importante a comida como a experiência que a rodeia, por isso é que dou tanto ênfase ao atendimento!
No dia em que coloquei o meu corpitxo sensual no La Tagliatella ele estava a abarrotar de gente, mas para grande surpresa e alegria minha, a configuração do restaurante permite que, apesar de todas as pessoas que estão à nossa volta, se consiga um sentimento de intimidade e privacidade, sem ter que se falar aos gritos ou ter alguém com o cotovelo mesmo em cima do nosso prato.
O 4º valor do restaurante, dos que referi há pouco, centra-se na autenticidade dos ingredientes que são trazidos directamente do seu lugar de origem e isso reflecte-se numa oferta gastronómica muito, mas muito apetecível.
Mas antes de falar sobre o que eu enfiei para o bandulho, que é isso que vocês querem saber, fazer só uma menção ao blog do La Tagliatella, que é um verdadeiro tour gastronómico pela Itália e vale muito a pena visitar!
A escolha das iguarias foi difícil, pelo menos para a minha pessoa que o Cara-Metade é uma pessoa muito mais decidida, já que o menu é gigantesco e uma pessoa tem tantas opções, mas tantas opções, que precisa duns bons 10 minutos para conseguir tomar uma decisão sobre o que vai comer.
Agora também gigantescas são as doses pessoal!
Se acham que vão ao La Tagliatella passar fome desenganem-se, porque até eu me vi aflito para comer tudo, e vocês sabem como eu sou um verdadeiro aspirador.
Para entrada vieram 6 bastões de Pane de La Tagliatella, um pão tradicional com três variantes: tomate, azeitona e cebola.
Qualquer um deles estava delicioso, apesar do de tomate ter sido unanimemente eleito como o favorito. A única coisa a apontar é o facto dos bastões estarem ligeiramente cozinhados demais tendo ficado um bocadinho secos, mas nada que afectasse o sabor final.
Uma dica que vos posso dar é regarem os vossos bastões com o azeite aromatizado com picante para dar um punch de sabor! E não se preocupem que não vão ficar com a boca em chamas, este azeite é muito suave e agradável.
Ainda para entrada veio um Steak Tartar italiano, onde o tradicional ovo tinha sido substituído por um gelado de mostarda, acompanhado por gnocchi fritos e pane pergamena, uma folha rectangular de pão, fina e estaladiça!
Este Steak Tartar, para grande pena minha, foi uma facada funda no meu coração.
Tudo porque a carne de excepcional qualidade tinha sido levada ao processador de alimentos em vez de ter sido cortada à faca, desvirtuando a grandiosidade da matéria-prima. Basicamente era a mesma coisa que alguém pegar na Custódia de Belém e derretê-la para vender o ouro ao kg.
Além disso, faltava um bocadinho mais de alma ao prato, que seria conseguida através dum uso mais acertado do molho inglês e de alcaparras por exemplo, ou mesmo com a adição de uma bebida alcoólica (como o brandy ou a vodka).
Agora o gelado de mostarda, o gelado de mostarda era qualquer coisa de outro mundo.
Eu só posso dizer que ainda hoje sonho com aquele gelado de mostarda de tão bom que era. Isso e os gnocchi fritos que eu comi à mão cheia e que me provocaram pequenas ondas lânguidas de prazer pelo corpo todo.
Antes de falar dos pratos principais, tenho que fazer uma pequena referência à limonada.
Apesar do Cara-Metade ter aprovado, eu acho que para o meu gosto podia estar um bocadinho menos aguada e mais concentrada, porque eu aprecio uma limonada forte mas, claro, é o meu gosto pessoal.
Para prato principal o Cara-Metade pediu uma divinal pizza 7 formaggi, com tomate, mozzarella, gruyère, taleggio, pecorino sardo, gorgonzola, mozzarella de búfala e parmigiano reggiano.
Esta pizza de massa fina elaborada no tradicional forno italiano que faz aquele estalido tão apaixonante quando se dobra é simplesmente orgásmica. Ou isso ou o Cara-Metade estava a ter um AVC, tendo em conta as suas expressões faciais enquanto comia a pizza avidamente.
Eu escolhi um Risotto Magret y Tartufina, com natas (no menu diz creme de leite mas é uma gralha), magret de pato e trufa preta.
A dose de risotto é descomunal, é tão grande que uma pessoa precisa mesmo de empenho para conseguir comer tudo até ao fim.
Em termos de sabor estava fantástico, simplesmente divinal, sem nada a apontar.
O único reparo que eu faria é que o grão do arroz estava ligeiramente, uma coisinha de nada, abaixo do ponto de cozedura, mas mais uma vez isto prende-se a um gosto pessoal e os risottos são coisas muito complicadas de se fazerem, e o do La Tagliatella merece um grande aplauso de pé!
Após os pratos principais eu já estava completamente a rebolar, mas quando vi a carta das sobremesas percebi que tinha de arranjar espaço para uma.
Devorei literalmente um Croccantino, uma verdadeira construção arquitectónica de crocante de amêndoas e pinhões com mousse de chocolate Rocher, chocolate derretido, gelado de nata e bolo de chocolate.
Esta sobremesa devia ter para aí umas 2000 calorias mas eu não quis nem saber, porque minha gente, toda a gente merece lambuzar-se com uma combinação de bolo, gelado e mousse, e se eu fosse Presidente da República obrigava toda a gente a comer uma destas combinações por dia, o que podia aumentar um bocadinho a taxa de diabetes do país mas há coisas piores não é?
O Cara-Metade atacou um Dolce Sapore Amalfitano, um trio de sobremesas numa versão mais reduzida.
Das três o cremoso de limão foi o incontestável vencedor, então para mim que adoro limão foi mesmo comer um bocadinho de paraíso.
Os cannoli estavam bastante bons mas a massa se estivesse mais estaladiça ainda daria mais elevação a este elemento.
Agora o bolo crocante com mousse de chocolate Rocher, como é que eu posso dizer isto sem ser odiado de morte, - é que estava óptimo de sabor, que não haja dúvida alguma acerca disso - mas a mousse de chocolate parecia literalmente um cocó.
Eu sei que não é fácil apresentar uma mousse de uma forma bonita, mas pronto, La Tagliatella fofinha do meu coração, pensem numa forma diferente de empratar a mousse porque não é a mais bonita visualmente.
Se quiserem um restaurante com óptima e variada comida italiana, com doses gigantescas e sorrisos descomunais, tem mesmo de descobrir o La Tagliatella. Garanto-vos que não se vão arrepender!