Pizzaria Luzzo - Parque das Nações
Se há coisa que mais me irrita do que uma ida a um mau restaurante é visitar um restaurante que tem tudo para ser óptimo mas que oferece uma má experiência ao cliente.
Foi o que me aconteceu ontem, no meu dia de anos, quando fui visitar a Pizzaria Luzzo situada no Parque das Nações.
Não posso dizer que a experiência foi má, mas é como quando fazemos um exame da faculdade e passamos com 10, ficamos contentes porque finalmente fizemos aquela cadeira do demo mas não podemos deixar de pensar que menos um bocadinho e tínhamos de ir a recurso.
Um espaço bonito e bem decorado, com funcionários simpáticos e prestáveis, a Pizzaria Luzzo tinha tudo para me proporcionar um almoço de aniversário memorável, só que não foi capaz de cumprir o que prometia.
O pedido é feito de uma forma bastante futurista (pelo menos para mim que sou moço antiquado): recorrendo a um tablet que possui o menu na íntegra com fotos e detalhes de cada prato, seleccionamos o que queremos e depois é só carregar em enviar.
O grande problema foi o tempo de espera entre o ter carregado em enviar e os pratos virem para a mesa.
A cozinha estava um caos, os pedidos estavam todos atrasados, fossem os nossos ou os dos outros clientes, depois de termos comido a entrada vieram-nos perguntar se já tinha vindo para a mesa...enfim, uma desorganização de dimensões épicas.
O grande problema de se almoçar fora é que o tempo muitas vezes está contado, então o serviço ainda tem que ser mais expedito que ao jantar, onde normalmente as pessoas estão mais relaxadas.
Como metade dos meus convidados tinham de ir trabalhar a seguir ao almoço acabei por ter uma refeição stressada, porque só via o tempo a passar e nada de comida.
Pior que tudo, a mesa onde nos sentaram era mesmo colada à ligação da cozinha com a sala, por isso de cinco em cinco minutos tinha um empregado furioso a gritar num misto de português com inglês pelas entradas da mesa 7 ou pela pizza com extra queijo da mesa 9.
A certa altura juro que estive para me levantar e ir fazer uma micro-gestão daquela cozinha, porque acreditem que em tempos de crise eu sou fantástico a dar ordens (se não acreditam venham ver-me um dia na farmácia quando tenho 28 clientes em espera...).
Relativamente à comida, foi ela que conseguiu salvar o almoço, porque era realmente boa, apesar de mesmo assim terem existido algumas falhas.
Para entrada vieram uns peixinhos da horta italianos, que consistiam nuns espargos envolvidos em presunto e polme acompanhados com uma maionese de caril e lima.
Estavam muito saborosos mas o grande problema de se ter um menu com fotografias é que as pessoas comparam, e na foto a polme estava muito delicada, deixando ver quase à transparência o espargo, enquanto que a nossa era extremamente massuda, o que matava um pouco o equilíbrio do prato.
O crostini de presunto estava delicioso, com um bom balanço entre a riqueza do presunto, a intensidade do queijo parmesão e a frescura do tomate - se fossem só um bocadinho maiores eram perfeitos, mas aqui já entramos no meu gosto pessoal.
As pizzas essas eram divinais, com uma massa fina e crocante, repletas de ingredientes de muito boa qualidade.
A Calzone Michele, com azeitonas pretas, fiambre de porco e pepperoni, é uma aposta segura mas mais conservadora.
A Formaggio, com a sua mistura de queijos parmesão e gorgonzola, é de comer e chorar por mais de tão saborosa que é.
A Rústica, com o seu ovo escalfado, alheira e espargos laminados, é uma combinação vencedora, havendo um contraste muito interessante de sabores que não se esperam encontrar numa pizza.
Agora a pizza da minha eleição, a pizza que eu posso considerar uma das melhores que comi nos últimos tempos, foi a Basil, exclusiva da Luzzo Expo, que combina amêndoas tostadas (a sério, quem é que se ia lembrar de colocar amêndoas numa pizza?), com folhas de manjericão, azeite de trufa e quantidades colossais de presunto fatiado.
Só que infelizmente nem as pizzas se livraram do meu olho crítico, tudo por causa do ovo que veio na Rústica e na Formaggio (nesta última tendo sido pedido como extra).
Por ser escalfado o ovo é cozinhado à parte e depois adicionado à pizza, o que seria perfeito se ele tivesse sido escorrido em condições.
Como nenhum dos dois foi, na zona circundante ao ovo conseguia-se ver mini-poças de água que deixaram a massa empapada.
Concluindo, a Pizzaria Luzzo tinha tudo para ser uma excelente memória gastronómica, mas apesar de me ter deixado com a barriga satisfeita infelizmente também me deu uma valente dor de dentes por causa dos níveis de stress que me fez atingir!