O tempo que passa a voar.
Quando me despedi pensei que o meu ritmo de vida ia abrandar substancialmente, que ia poder finalmente descansar durante longos períodos, relaxar sem pressas, reflectir sem a urgência de tomar decisões. Estava mesmo a necessitar de um período para mim, para aproveitar a vida, e mais importante que tudo, para aproveitar os que estão na nossa vida e que tantas vezes damos atenção a menos.
Claro que tudo isto seria maravilhoso se o universo não conspirasse contra os momentos de ócio, e de um momento para o outro não me visse com projectos e trabalhos e ideias e tudo e mais alguma coisa a acontecer ao mesmo tempo.
Sei que posso parecer ingrato, mas muitas vezes sinto que ando sempre em contra-relógio, que o tempo é um daqueles aviões que já estão a descolar e nós ainda nem sequer fizemos o check-in.
Acordo preocupado com a hora a que tenho de me ir deitar para poder fazer tudo em útil e o dia é passado num stress de não saber se estarei à altura.
Faz-me falta os pequenos momentos. Os momentos em que olho e sinto que as coisas não são apenas uma névoa, mas sim verdades materiais palpáveis. Não me faz falta desligar, mas sim ligar ao aqui e agora, em vez de estar sempre preocupado com o que pode ou não acontecer.
Só há pouco tempo é que a árvore de Natal foi desmontada. Não o quis fazer mais cedo porque sempre que passava por ela sentia o remorso de não ter vivido a época, de me ter esquecido de contemplar as fitas e as bolas, ou de me perder no piscar infinito das luzes que todos os anos se cruzam num quebra-cabeças maior que a nossa mente.
Além do tempo agora surgiu-me outra problema, outra questão que transcende as leis da física.
Como é que o raio da árvore veio empacotada e agora nem metade entra na porcaria da caixa?